Linha Telegráfica
1822-1889
A chegada e desenvolvimento da telegrafia elétrica no Brasil foi um marco da segunda metade do século XIX. O processo se notabilizou tanto pelo avanço científico e tecnológico que representava, quanto pela conexão entre a ciência e os interesses políticos, econômicos e comerciais do período.
Os primeiros esforços para desenvolver o projeto datam de 1851. Porém, foi somente no dia 11 de maio de 1852 que o objetivo foi alcançado. Naquele tão valoroso dia, foi inaugurada a primeira linha telegráfica brasileira, instalada entre o Quartel-General do Exército no Campo da Aclamação (depois, Campo de Sant' Ana) e o Palácio da Quinta da Boa Vista, com 4.300 m de extensão, destacando-se por ser totalmente subterrânea.
Segundo alguns historiadores, o projeto levado a cabo pelo Ministro da Justiça à época, Eusébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara (1812-1868), que tinha como um dos seus objetivos ajudar no combate ao tráfico de escravos no Brasil, fazendo valer a lei Eusébio de Queiroz, de 1850. Nesse sentido, podemos dizer que a instalação se tornaria determinante para o processo de desenvolvimento social do país.
A obra contou com a participação central dos engenheiros militares, com destaque para Guilherme Schüch de Capanema (1824-1909), professor de física da Escola Central e os seus auxiliares, os acadêmicos José Joaquim de Oliveira, Ernesto Gomes Moreira Maia e Bento José Ribeiro Sobragy. Outro destaque, neste processo, foi a participação do Coronel Polydoro Quintanilha da Fonseca Jordão (1802-1879), comandante da polícia naquele período.
Com a participação dos destacados militares, com rapidez e sem alardes, a missão foi cumprida e o processo de desenvolvimento da telegrafia elétrica brasileira estava, efetivamente, inaugurado. O sucesso dessa linha trouxe como consequência, o progressivo crescimento do emprego do telégrafo elétrico na Corte.
Há que se destacar também que a engenharia militar esteve presente em outros avanços tecnológicos daquele período. O uso controlado da energia, que os 'physicos' de outrora costumavam chamar de fluido elétrico, também foi realizado no prédio da Escola Militar em 1857, por ocasião do baile promovido em 7 de setembro, em homenagem ao Imperador. Ou seja, a primeira experiência pública de iluminação elétrica contou, também, com a participação da engenharia militar.