O Serviço Geográfico do Exército: do analógico ao digital
1903 – Dias Atuais
Segundo o então Capitão Tasso Fragoso, “Com o advento da República, em 1889, alguns símbolos do período imperial relacionados à constituição da nacionalidade foram resgatados e incorporados pelo novo regime. Um deles foi a crença na indispensabilidade de um mapa nacional considerado científico, segundo os preceitos da época. Assim, o conhecimento do território e seu mapeamento, o mais completo possível, foram assumidos como grandes desafios para os republicanos."
A Comissão da Carta Geral do Brasil (1903-1932) – CCGB, berço do atual 1º Centro de Geoinformação (1º CGEO), foi então criada para iniciar o mapeamento nacional das cartas topográficas na escala 1/100.000, e necessitava implantar as redes geodésicas do país, começando pelo Rio Grande do Sul, em razão de sua importância militar e situação geográfica. Somente após a implantação dessas redes, é que foi possível construir as cartas. Tal conhecimento científico foi maturado no Serviço Geográfico do Exército e utilizado nos anos e décadas seguintes.
A partir de 1968, o Serviço Geográfico foi convocado para atuar em prol da construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Ponte Rio-Niterói), ficando responsável pela locação da diretriz em planta, levantamento geodésico, estabelecimento de um sistema de coordenadas de referência e locação dos pilares no campo.
Nessa atividade, o aprendizado de geodésia iniciado em 1903 foi empregado em sua plenitude, sendo executado um nivelamento geométrico de primeira ordem para fornecer altitudes de precisão homogêneas, na (antiga) Guanabara e em Niterói, que serviram de dados ao estudo e aos projetos da Ponte. Pela sua complexidade, pioneirismo em dimensões e importância, a construção da ponte representou um marco para a engenharia brasileira, e contou também com a participação do Serviço Geográfico.
Seguindo as marcas do seu tempo, o Serviço Geográfico do Exército alcançou a era digital. Sobre esse aspecto, devemos lembrar do primeiro produto gerado de cartografia digital no Brasil que foi obtido em um Projeto de Fim de Curso do IME em 1981, intitulado “Geração de Modelos Digitais do Terreno em Visualização Tridimensional Anaglífica a partir de Softwares de Superfícies de Contorno”. Esse material foi um modelo digital do terreno obtido pela vetorização de pontos das curvas de nível da folha 1:25.000 do Campo de Instrução de São Jerônimo, RS.
Em 22 de Outubro de 1987, criou-se o Centro de Cartografia Automatizada do Exército (CCAuEx), instalado em um dos pavilhões da 2ª Divisão de Levantamento (Ponta Grossa - PR), para fins administrativos e de instrução. Em 1988, os primeiros aparelhos da Cartografia Automatizada chegaram a Brasília e, com isso, foi produzida a primeira carta topográfica digitalizada no CCAuEx.
Enfim, assim como nos primórdios da CCGB, os engenheiros cartógrafos e topógrafos do Serviço Geográfico seguem se empenhando para buscar soluções que possibilitem atender as demandas do Exército e do país, com rigorosa precisão, qualidade técnica e, sobretudo, responsabilidade.
